Marcos Coelho
Não pretendo desanimar os brasileiros que passaram um mês empolgados com os jogos do Pan-Americanos, no entanto, convido-os a refletirem e questionarem a real importância deste evento, desde a cerimônia de abertura até o dia de encerramento, no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Sem dúvida, o esporte é mobilidade, vitalidade, e acima de tudo qualidade de vida; modifica as condições ambientais e transformam pessoas em pessoas pré-dispostas a ter mais felicidade, pelo menos é o que explica a medicina. O Brasil é um país de torcedores, pessoas apaixonadas pelo esporte porém, demonstra ser uma nação cansada de torcer por um país socialmente melhor, onde o esporte nasça como fruto da educação e da justiça.
Promover competições em várias modalidades não é fácil, isso faz com que muito dinheiro sejam consumidos em obras de grande porte como as obras para a realização do pan, para acolherem atletas de 42 países e o pior, todos os recursos usados é dinheiro público. Eram previstos para sair dos cofres públicos 409 milhões que seriam gastos com o PAN, no final das contas, foram gastos cerca de 3,7 bilhões de reais. Segundo o jornal o Globo, a série de imprevistos e atrasos na construção do estádio olímpico João Havelange (engenhão) para os jogos do pan 2007 poderá elevar os custos da obra para mais de 300 milhões – ou 50% acima dos cerca de 200 milhões estimados, O Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PT-SP), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não mediram esforços, nem minimizaram os gastos. Pista de velódromo foi construída, a primeira na América, feita de madeira importada, reformas nos ginásios e áreas esportivas. O povo brasileiro está apreendendo a reconhecer quando existe algo errado, na abertura do Pan, o público demonstrou a hostilidade com o presidente, com vais e vais, isso é bom para o digníssimo da República perceba que o povo necessita de investimentos urgentes nas áreas sócias.
Da água para o vinho, a realidade do Rio de Janeiro se transforma. Nos telejornais o foco das matérias é outro. Da imagem dos bandidos do tráfico nas favelas do Rio, à imagem da cidade dá lugar a arquibancadas lotadas e atletas que buscam superação, o que os políticos deveriam buscar. Claro, que ingenuidade, eles sempre se superam no âmbito da corrupção e assistencialismo.
Não nos deixemos nos enganar pelas aparecias, assistir os jogos pela tv, ou na arquibancada do Maracanã, exige de nós essa reflexão. O governo de um lado fecha os olhos para a violência e investe milhares de reais para fazer bonito aos outros países, enquanto vidas são colocadas em risco, pela violência e pela guerra dos morros. Aproveitemos, ao torcer pelos brasileiros nas competições, torça para que o esporte ultrapasse as barreiras da desigualdade existente em nosso país. Continuemos empolgados com as competições, pois só estamos no começo, mas sempre buscando enxergar muito mais que as aparecias nos revelam. Que ao termino destes jogos, o exemplo e o espírito de superação e o compromisso permaneça no Rio e se propague para todo país, afim de incentivar a criação de projetos que visem contribuir com a paz e a educação no Brasil.
2ª e 6ª - Pedro Rabelo com Esporte; 3ª e 5ª - Ronaldo Moura com Cultura; 4ª e Sábado - Marcos Coelho com Política.
02 agosto, 2007
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3 comentários:
Um dia, ainda se vão alguns bons anos, mas um dia o brasileiro vai aprender a dar valor no esporte. Bem a verdade que a superfaturação das obras é algo a se investigar, mas questionar a importância do Pan para mim é uma ofensa. Só quem já foi esportista neste país para ter noção do quanto tais jogos foram importantes.
Em relação as vaias. Aliás, em primeiro lugar, não sou Lulista. Enfim, penso que foi mais um exemplo de aculturação do povo brasileiro. Não somente as vaias mas também as respostas ao presidente da ODEPA. Quando ele, em espanhol dizia Hoy (hoje), os "engraçadinhos" brasileiros, achando-se lindos, respondiam em "bom português" OI!
No mínimo, triste!
Muito bem, falou e disse. As vais são de pessoas que tem um mínimo sequer de senso crítico.
Luiz Gustavo, sua afirmação me espanta, dar valor ao esporte não é permitir que dinheiro que falta e é mal empregado nas necessidades do cidadão sejam gastos para sedira jogos pan-americanos ou olímpicos. Valorizamos a fachada e não o conteúdo. o resultado de nossa particopação no Pan e agora nas Olimpíadas nos mostra a realidade. Somos pobres sim em investimentos, mas em investimentos que criem base no esporte nacional e não em obras que, além de superfaturadas, não agregam nada a imagem já degradada de uma cidade como o Rio de Janeiro. Convoco o amigo a ir em algum continente e buscar a imagem do Rio e do Brasil perante o mundo. Lamentável.
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